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Da preguiça (The Sin Saga)


Permaneciam na cama até que o tempo os viesse chamar, mal educado, inconveniente, inoportuno, interrompia-lhes a vida. Detestavam-no. Permaneciam na cama, dormentes, torpes, anestesiados pelo calor dos corpos que não logravam separar, hipnotizados pelas labaredas que lhes assolavam o olhar. Permaneciam na cama, indiferentes ao que o mundo lhes reservava lá fora, interessados apenas no timbre da voz sussurrada ao ouvido, no aroma da pele que se-lhe encostava, no toque das mãos exacerbadas de desejo, nas carícias dos dedos quentes e bafejados pela luxúria da descoberta, no beijo incendiário que lhes queimava os lábios e o corpo como uma tocha que arde paulatinamente, no membro exaltado pela proximidade do prazer, na lentidão dos movimentos apenas esforçados em sentir e fazer sentir o prazer de uma entrega. Permaneciam na cama até que fossem obrigados a abandonar o leito que coleccionava as suas indulgências, que abarcava as suas fantasias, que fazia as delícias da paixão, que contrapunha a inércia da preguiça à languidez de fazer amor ainda entorpecidos pelo acordar do corpo para as primeiras horas da manhã. Permaneciam na cama, soberanamente preenchidos um do outro, predestinados a almejar morrer ali, fundidos na volúpia de orgasmos demorados e sonhando ignorar o chamamento do tempo e das obrigações.