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Full Throttle #21


"It's a dance, a dance no one had to teach me. But it's always my dance. I make the first move which is no move at all. I always just understand that they will eventually find themselves in front of me. Primitive beautiful animals and their bodies responding to the inevitability of it all. It's my dance and I have performed it with finesse and abandon with countless partners. Only the faces change."

Fiona in American Horror Story


Aceitara a vertigem do seu corpo, os seus ímpetos e compulsões desde muito cedo. Aceitara-se na sua plenitude, com todas as suas perversões e obsessões, com todos os seus vícios e imoralidades. Consumia sexo com a naturalidade de quem acorda de manhã para se deslocar para o trabalho, com a persistência e repetição que o seu corpo exigia, com a certeza de que não se prenderia a um corpo só. Procurava em cada parceiro o que faltava no outro, exigia ao próximo o que o anterior lhe havia dado e ainda mais, exigia que se superassem, que o seu prazer fosse o único pensamento que lhes cruzasse a mente e a libido. Alimentava-se da aura de satisfação que cada um lhes oferecia, como que enchendo um copo de vinho que esvaziaria de um gole só, com a ânsia de se inebriar e de sentir as tonturas próprias do descontrolo, da falta de domínio, do formigueiro que lhe percorria a pele quando vislumbrava o próximo alvo, o próximo objecto de prazer. Usava os corpos que se deitavam na sua cama mas nunca os deixava permanecer. Ficar era monótono e as palavras atravessavam-se no meio do prazer, acabaria por ter de responder a perguntas, por ter de fingir ser quem não era, por demonstrar carinho que não sentia, por receber olhares invasivos do seu íntimo que preferia guardar fechado a cadeado no peito. Não se apaixonava. Amava-os todos e a cada um, amava-os pela voz rouca de um gemido, pela barba que se roçava excitante, pelas mãos com a forma certa e os dedos com o jeito ideal, pela língua serpenteante, pelo membro erecto e viril, pelos braços musculados, pela tatuagem perdida, pelo "puta!" gritado em desespero, pelo ondulante manusear dos quadris, pela destreza em a fazer vir, pelo fôlego que lhe sabiam tirar. E dançava, assim, pousando de corpo em corpo, atraindo-os com o pólen do desejo, com a sedução da luxúria, com o ofertar do prazer em tangos improváveis e irrepetíveis.